Eles limpavam a casa, alimentavam o gado. No campo lavravam, mondavam e colhiam o milho. Chegava para eles e ainda sobrava alguma coisa para vender. Eles cozinhavam banitsa (bolo Búlgaro com recheio de queijo ou de abóbora) e amassavam pães redondos.
Um dia, a mãe pediu ao filho:
- Leva o tigela grande, vai à cave e traz-me farinha para fazer um bolo.
O rapaz fez o que a sua mãe lhe disse.
Ao passar pelo pátio, um vento forte soprou e derramou a farinha.
O rapaz voltou à cave, voltou a encher a tigela grande e voltou a passar pelo pátio.
Um vento forte voltou a soprar e derramou outra vez a farinha.
- Não será como tu queres! - gritou o rapaz e voltou à cave.
E, novamente, ao passar pelo pátio, o vento forte soprou e a tigela ficou sem farinha nenhuma.
O rapaz atirou com a tigela ao chão e começou a perseguir o vento.
Ele correu, correu... até que encontrou um jovem com a cabeça descoberta.
-Porque corres dessa maneira, rapaz? - perguntou o jovem.
-Porque corres dessa maneira, rapaz? - perguntou o jovem.
- Estou a perseguir o vento. - Respondeu o rapaz. – Ele roubou o meu trabalho. Derramou-me a farinha. Por isso, estou a persegui-lo, para o obrigar a devolver-ma.
- Persegues o vento? Desiste disso. O vento levou o meu gorro de pele e soprou-o até ele cair ao rio. Mas eu não sou suficientemente louco para persegui-lo.
- Eu vou persegui-lo e apanhá-lo - disse o rapaz.
E voltou a correr, a correr.
No dia seguinte, encontrou um aldeão saudável e forte.
- Rapaz, onde vais com tanta pressa? - Perguntou o aldeão.
- Estou a perseguir o vento.
- Porque razão o persegues?
- Para o obrigar a dar a minha farinha de volta. Ele derramou-me três tigelas grandes. Ele roubou o meu trabalho e o da minha mãe.
- Não desperdices o teu tempo, rapaz! Como podes tu enfrentar o vento?! Ele destruiu todas as minhas árvores de fruto e os frutos estragaram-se. Mas eu não posso fazer nada. Quem pode lutar contra o vento?
- Não desperdices o teu tempo, rapaz! Como podes tu enfrentar o vento?! Ele destruiu todas as minhas árvores de fruto e os frutos estragaram-se. Mas eu não posso fazer nada. Quem pode lutar contra o vento?
- Pois eu darei conta dele!
E o rapaz voltou a correr, a correr.
No dia seguinte, encontrou um velho marinheiro com um saco ao ombro.
- Porque corres dessa maneira, rapaz? - Perguntou o marinheiro.
- Estou a perseguir o vento.
- O que é que o vento te fez?
- Ele derramou-me três tigelas grandes de farinha!
- Grande coisa!!! - desdenhou o marinheiro.
- O que para si não tem importância, para mim é muito importante! Deixa-me trabalhar e verás como aparecerá cada grão de farinha derramado por ele!
- Desiste, rapaz! Não podes lutar contra o vento. Ele é forte e assustador. Ele vai soprar contra ti com tanta força que até levantas voo. Ele afundou o meu navio. Os marinheiros e os passageiros que viajavam nele caíram ao mar e afogaram-se. Eu ainda hoje me pergunto como sobrevivi!
- Não me interessa! Eu sigo em frente e não volto atrás! Vou perseguir o vento, e vou recuperar a minha farinha!
E o menino voltou a correr, a correr... até que por fim, apanhou o vento.
- Ó vento! Devolve-me a farinha que derramaste.
- Devolver-te a farinha que derramei?
- Grão a grão, a farinha que produzimos com o nosso trabalho, meu e da minha mãe. Derramaste-a, agora tens de devolvê-la! É por isso que te estou a perseguir há três dias.
O vento sorriu e disse:
- É bom ver que te preocupas com o que é teu. Para além disso, tens a coragem de vir discutir com o vento. Não te posso devolver a farinha derramada. É impossível dar-ta de volta, mas eu vou pagar o teu prejuízo com este lenço. Toma e escuta com atenção o que te vou dizer. Quando disseres "Lenço, dá-me de comer!" Ele dar-te-á imediatamente qualquer alimento que desejares.
O rapaz pegou no lenço e começou a viagem de regresso, ao mesmo tempo, que ia pensando - "Será que o vento disse a verdade? Deixa-me tentar.”
Estendeu o lenço e disse:
-Lenço, dá-me banitsa e ayran (bebida de iogurte)!
De imediato, sobre o lenço, surgiu um conjunto de pratos dourados cobertos de bolos e ayran.
O rapaz pediu outra refeição. E, tudo o que queria era imediatamente colocado na sua frente. Ele comeu até estar satisfeito e retomou a viagem de regresso.
Caminhou, caminhou e na terceira noite chegou a uma estalagem. Decidiu lá pernoitar.
Caminhou, caminhou e na terceira noite chegou a uma estalagem. Decidiu lá pernoitar.
O rapaz sentou-se numa mesa vazia, pegou no lenço e disse:
-Lenço dá-me de comer!
No mesmo instante em que ele fez o pedido, surgiram pratos saborosos na frente dele.
As pessoas da estalagem ficaram espantadas e o rapaz partilhou com eles o banquete.
O Estalajadeiro declarou:
- Eu nunca vi tal milagre ! Um lenço dar pratos de comida! Ó rapaz! Onde é que tu arranjaste isso? Há mais disto há venda?
- Foi o vento que mo deu. - respondeu o rapaz.
- Bom presente! - disse a mulher do estalajadeiro. - Até o homem mais rico terá inveja de ti, rapaz!
O rapaz comeu o que queria e foi dormir.
Durante a noite, a mulher do estalajadeiro disse ao marido:
- Vamos apanhar o lenço ao garoto. Sem trabalho nenhum é que vai ser acumular fortuna. Lenço dá comida! E a comida aparece. Lenço dá de beber! E a bebida aparece. Com este lenço iremos atender os clientes sem trabalho e iremos ganhar muito dinheiro, sem esforço!Durante a noite, a mulher do estalajadeiro disse ao marido:
Quando o rapaz caiu no sono, a mulher do estalajadeiro tirou-lhe o lenço e colocou outro no seu lugar.
De manhã, o garoto foi para casa e quando chegou, gritou:
- Mãe, vem ver o lenço que eu trouxe para ti! O vento deu-mo, porque derramou a nossa farinha. A partir de agora já não precisas mais de amassar nem cozinhar.
- Ó filho! Mas que lenço? Deixa-me ver!
O rapaz estendeu o lenço e disse:
- Lenço, dá-me de comer!
Mas não houve resultado.
O rapaz pegou no lenço e foi direito ao vento.
-Vento, aqui está o teu lenço, dá-me a farinha de volta! Que o lenço já não me dá de comer.
- Porque é que o lenço já não te dá de comer? - perguntou o vento.
- Eu não sei. - respondeu o rapaz.
O vento compreendeu o que se passava e disse-lhe:
- Toma este galinho. Quando lhe disseres "Galinho canta!" Ele irá cantar e moedas de ouro irão cair-lhe do bico.
O rapaz pegou no galinho e chegou mais uma vez à estalagem onde tinha ficado da outra vez, para passar a noite.
Quando se sentou para jantar, disse:
- Galinho canta!
O galo cantou e moedas de ouro começaram a cair-lhe do bico.
O rapaz apanhou-as e pediu uma refeição.
Quando terminou, foi para a cama.
Durante a noite, quando o rapaz caiu no sono, a mulher do estalajadeiro, trocou o galinho do rapaz por outro.
De manhã, o rapaz foi para casa e quando chegou gritou:
- Mãe, vem ver o galinho que aqui trago! Quando canta, caiem-lhe moedas de ouro do bico.
Queres ver? Galinho canta!
Mas o galo ficou quieto e mudo.- Vá lá! Galinho canta!
O rapaz pegou no galo e foi direito ao vento.
- Vento, aqui está o teu galo! Dá-me a farinha de volta. O galo já não dá moedas de ouro!”
-Ai sim? - disse o vento.
O estalajadeiro e a mulher, roubaram o lenço e o galinho verdadeiros. Agora vou dar-te este pau. Quando disseres "Pau bate!" Ele vai acertar em quem tu quiseres. Quando disseres "Pau pára!" Ele pára de bater.
O rapaz pegou no pau e mais uma vez chegou à mesma estalagem. O estalajadeiro e a mulher viram o pau e pensaram que era mais uma coisa que fazia milagres, como o lenço e o galinho, e decidiram roubá-lo ao rapaz.
Mais uma vez, quando o rapaz adormeceu, a mulher do estalajadeiro tentou apanhar o pau, mas desta vez o rapaz acordou e gritou:
-Pau bate!
E o pau começou a bater no estalajadeiro e na mulher.
- Espera rapaz! - o estalajadeiro gritou. - Diz ao pau para parar de bater, devolvemos-te o lenço! - Ai! ai! ai! - a mulher do estalajadeiro gritou. - Já chega! Vou trazer-te o galinho de volta!
- Pau pára!
E o pau parou.
A mulher do estalajadeiro devolveu imediatamente o lenço e o galinho.
O rapaz pegou então no lenço e no galo e levou-os de imediato à mãe.
-Desta vez, a mãe vai ver o lenço e o galinho verdadeiros!
Estendeu o lenço e disse:
- Lenço, dá-me banitsa e ayran! Galinho, canta!
E logo, a mesa ficou posta e as moedas de ouro começaram a cair-lhe do bico.
E assim, mãe e filho viveram felizes para sempre.