Neva muito, muito,
os campos estão brancos, tudo branco.
Este coelhinho já não tem mais nada que comer. Nada.
Ele abre a sua porta: «Brr... Faz tanto frio!»
O coelhinho sai para procurar qualquer coisa, qualquer coisa para comer.
E eis que ele encontra, sabem o quê?
Duas cenouras encarnadas, grandes, assim,
que dormitavam na neve.
Croque, croque, croque,
ele come a primeira.
Já não tem mais fome.
Ele pensa então:
« Faz bastante frio,
neva muito,
o meu vizinho cavalinho
tem com certeza fome.
Eu vou levar-lhe a outra cenoura.»
Corre, corre, o coelhinho,
até o cavalinho, seu vizinho.
Toc! Toc!
Ele abre a porta...
Ah! O cavalinho não está cá!
Ele deixa a cenoura e vai-se embora.
Na neve que escorrega e que enregela,
o cavalinho procura qualquer coisa para comer.
E eis que ele encontra,
sabem o quê?
Um grande nabo,
branco e roxo,
que sobressaia debaixo da neve.
Croque, Croque, croque.
Comeu o nabo.
Bom, Bom!
Já não tem fome e regressa a sua casa.
Ele entra em casa,
vê a cenoura,
e diz:
«Quem é que me trouxe a cenoura?
Foi o coelho cinzento:
Eu vi as suas pequenas pegadas na neve!
Como foi simpático este coelhinho cinzento!»
Depois, ele ainda diz:
«Faz bastante frio e neva muito
o carneiro tem certamente fome.
Rápido, vou-lhe levar esta cenoura e regresso.»
Galope! Cavalinho, galope!
hop! hop! hop!
hop! hop! hop!
até à casa do grande carneiro.
Toc! Toc!
Ele abre a porta.
Ah! O carneiro não está cá!
O cavalinho pousa a cenoura e vai-se embora...
O grande carneiro encaracolado
foi procurar qualquer coisa para comer.
E eis que ele encontra,
Sabem o quê?
Uma couve roxa bem escondida debaixo da neve.
Ele come a couve
folha a folha,
croque, croque, croque.
Já não tem fome e regressa a sua casa.
O Carneiro entra em sua casa, vê a cenoura e diz:
«Uma cenoura,
Quem me trouxe?
Foi o cavalinho, eu aposto:
Vejo as suas pegadas na neve!»
E o carneiro diz ainda:
«Faz bastante frio,
e neva muito,
o cervo tem certamente fome:
vou levar-lhe a cenoura e regresso.»
O grande carneiro caminha, caminha
em cima da neve que escorrega e enregela,
sobre os prados gelados,
atravessando o bosque,
Até à casa do pequeno cervo ruço.
Toc, toc, abre a porta...
Ah! O cervo não está cá!
Ele deixa a cenoura e vai-se embora.
O cervo foi procurar
qualquer coisa para comer.
Encontrou,
Sabem o quê?
Uma ramada de erva gelada
e os rebentos de um pinheirito.
Come tanto que perde a fome.
Regressa em sua casa,
vê a cenoura
e diz:
« Quem me a trouxe?
O carneiro castanho, creio:
Ele perdeu um pedaço de lã,
ao sair daqui. »
E o cervo diz ainda:
« Faz bastante frio,
neva muito...
o coelhinho cinzento tem certamente fome.
Rápido, rápido,
vou levar-lhe esta cenoura e regresso.»
Salto a salto, o pequeno cervo ruço,
por cima das sebes, por cima dos azevinhos,
no bosque sem folhas,
salta o cervo.
Ele chega, chega finalmente
à porta do coelhinho.
Ao entrar em sua casa, o coelho adormeceu.
O cervo cuidadosamente,
abre a porta
e pousa a cenoura
docemente
perto da cama.
O coelho acorda.
O cervo diz-lhe:
« Faz bastante frio,
neva muito
talvez, não tenhas nada que comer!
Trago-te uma cenoura...»
E foi assim que,
do cavalo ao carneiro,
do carneiro ao cervo,
a cenoura retornou ao coelhinho cinzento.
Ah! Os bons, os bons amigos!
Drawings by Gerda